26/06/15

Amarante Escultura - O escultor Alberto Carneiro é o vencedor do Prémio de Consagração ou Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso, na sua décima edição, ficando, assim, distinguida, extraconcurso, a sua carreira, iniciada em 1947.



«Amarante: Alberto Carneiro vence Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso
26/06/2015, 12:56

O escultor Alberto Carneiro é o vencedor do Prémio de Consagração ou Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso, na sua décima edição, ficando, assim, distinguida, extraconcurso, a sua carreira, iniciada em 1947. O Júri, que deliberou por unanimidade, foi constituído por António Cardoso, Laura Castro, Lúcia Matos, João Pinharanda e Sérgio Mah.

Na fundamentação da sua decisão, o Júri justifica a atribuição do Prémio Consagração a Alberto Carneiro “como reconhecimento do lugar central da sua obra no contexto da arte contemporânea. Tanto do ponto de vista da prática artística como da reflexão teórica, acrescenta-se, a obra de Alberto Carneiro não abre apenas um campo novo na realidade portuguesa dos anos de 1960, como se encontra em perfeita sincronia com as linguagens internacionais onde se insere. Do mesmo modo, Alberto Carneiro desempenha um papel fundamental como cidadão interveniente no campo da divulgação da arte contemporânea em Portugal, quer como professor quer como promotor de iniciativas artísticas descentralizadoras, relacionadas com o ensino e com a afirmação do ‘campo expandido’ da escultura”.

Com periodicidade bienal, o Prémio Amadeo de Souza-Cardoso (PASC) tem uma tripla premiação: consagração, extraconcurso, da carreira de um(a) artista português/portuguesa escolhido(a), o qual é convidado(a) a realizar uma exposição de obras suas em espaço nobilitador do Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, com catálogo apropriado, sendo o prémio a aquisição de uma ou mais obras para as coleções do Museu, até ao montante máximo de 25.000,00 euros.

Na segunda modalidade de premiação, o Júri convida um conjunto de artistas de entre os quais é atribuído o Prémio Amadeo de Souza-Cardoso, indivisível, no valor de 10.000,00€, ficando a obra premiada a pertencer ao Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, no pressuposto da sua oportuna musealização.

Finalmente, em cada edição do Prémio Amadeo de Souza-Cardoso é atribuído o Prémio de Aquisição do Grupo dos Amigos da Biblioteca-Museu - a um(a) artista selecionado(a) para a fase de exposição, que é indivisível, no valor de 7.500,00€, ficando a obra premiada a pertencer ao Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso.

Alberto Carneiro passará, a partir de agora, a figurar na galeria dos artistas consagrados por esta iniciativa bienal de arte promovida pela Câmara Municipal de Amarante, onde já constam os nomes de Fernando Lanhas (1997), Fernando Azevedo (1999), Costa Pinheiro (2001), Júlio Pomar (2003), Nikias Skapinakis (2005), Ângelo de Sousa (2007), João Vieira (2009), António Sena (2011) e Paula Rego (2013).

Alberto Carneiro (Dados biográficos)

Alberto Almeida Carneiro nasceu em São Mamede de Coronado, concelho da Trofa, a 20 de Setembro de 1937.

Em 1947 iniciou a sua aprendizagem artística como imaginário, numa oficina de santeiro, na qual trabalhou durante 11 anos. Fez, entretanto, os estudos liceais, frequentando o ensino noturno na Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, no Porto, e na Escola António Arroio, em Lisboa.

Em 1961 voltou ao Porto para estudar Escultura na Escola Superior de Belas Artes do Porto. Depois de concluída a licenciatura, em 1967, partiu no ano seguinte, para Londres, onde frequentou uma pós-graduação na Saint Martin's School of Art (1968-1970). Estreou-se a expor ainda nos tempos de estudante: coletivamente, em 1963; a título individual, em 1967, na ESBAP.

A sua atividade artística teve início na década de setenta. Foi professor de Escultura na Escola Superior de Belas Artes do Porto (1972-1976), assumiu a direção pedagógica e artística do Círculo de Artes Plásticas da Universidade de Coimbra (1972-1985) e lecionou na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (1985-1994).

É autor e coautor de textos e livros sobre Arte e Pedagogia e participou em cursos, debates e seminários sobre Arte e dinâmica corporal.

Dedicou-se, também, ao estudo da Psicologia Profunda, do Zen, do Tantra e do Tao, matérias sobre as quais lecionou cursos, proferiu conferências e escreveu. Recebeu a influência da "poética da matéria", do filósofo e ensaísta francês Gaston Bachelard (1884-1962).

Ao longo da sua carreira fez inúmeras viagens de estudo. Em 1968 viajou até à antiga Jugoslávia, Áustria e Alemanha. Nos anos setenta visitou Moçambique, Angola, Brasil e, pela primeira vez, Itália, país onde regressaria em muitas outras ocasiões. Na década seguinte prosseguiu o seu ciclo de viagens pela Europa (Jugoslávia, Bulgária, Turquia, Grécia, etc.), pelos Estados Unidos da América, por Marrocos, tendo passado uma temporada nas cidades de Praga e Budapeste. Nos anos noventa viajou pela Índia, Nepal, China e Japão, onde buscou o aprofundamento dos seus conhecimentos sobre o Hinduísmo, o Taoismo, as manifestações tântricas e Zen e jardins.

Alberto Carneiro realizou mais de setenta exposições individuais e participou em mais de cem mostras coletivas, no país e no estrangeiro.

Várias cidades portuguesas exibem obras públicas do escultor. Em 1991, Santo Tirso recebeu "Água sobre a terra, granito e água" e "O barco, a lua e a montanha". Para as "Jornadas de Arte Contemporânea do Porto", de 1992, realizou a instalação "Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como um conceito para ser metáfora"; para a inauguração do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, no ano de 1993, projetou a instalação "Nas margens de um rio", usando árvores de água e transparências de vidro; e, para a sede da Associação dos Arquitetos do Porto, produziu a escultura em granito "Sobre a água". Fez também esculturas para o Metropolitano de Lisboa ("Sobre as Árvores", esculturas em bronze, datadas de 1995-1996), para a Expo 98' ("Sobre o mar", escultura em granito e madeira datada de 1997-1998), para a Biblioteca Almeida Garrett, no Porto ("A árvore da vida", escultura de madeira instalada em 2001), para Chaves, um bronze, para os Jardins de Casa de Serralves ("Ser Árvore e Arte", inaugurada em 2002) Em 2002 iniciou a instalação do Parque Internacional de Escultura Contemporânea na vila de Carrazeda de Ansiães, para onde esculpiu uma obra que pontifica no jardim da Biblioteca local.

Fora do país também se podem encontrar esculturas da sua autoria, designadamente "The Stone garden", no Derwenthaugh Park, em Gateshead, Inglaterra; uma escultura com árvores, pedras, terra e relva no parque Metropolitano de Quito, Equador; uma escultura no parque Sculpture in Woodland em Devil's Glen, Ashford, Wicklow, Irlanda; uma escultura na Aldeia Folclórica Coreana, Coreia do Sul; o espaço/escultura "A casa da terra e do fogo" no caminho das esculturas do vale de Ordino, Andorra; uma escultura na cidade de Taoyuan, na Ilha Formosa; a escultura "As árvores florescem em Huesca", Espanha; e uma escultura em Santiago do Chile.

Alberto Carneiro foi o grande impulsionador da criação do Museu Internacional de Escultura Contemporânea de Santo Tirso (MIEC), do qual é diretor artístico nacional. Criado oficialmente a 20 de Outubro de 1996, o Museu tem por base o espólio recebido dos simpósios internacionais de escultura contemporânea ao ar livre, realizados em Santo Tirso desde 1991.

A este escultor foram atribuídos variados prémios e distinções, entre os quais se contam o Prémio Nacional de Escultura (1968), o Prémio Nacional de Artes Plásticas da Associação Internacional de Críticos de Arte (1985) e o Prémio de Artes do Casino da Póvoa (2007), galardão composto por uma recompensa pecuniária, pela aquisição de uma escultura do premiado ("Sinais e Sabedoria da Floresta", de 2000-2001), e ainda pela publicação da monografia "Alberto Carneiro – Lição das Coisas", com texto de Bernardo Pinto de Almeida e direção artística de Armando Alves.

Entre Abril e Junho de 2013 o Museu de Arte Contemporânea de Serralves apresentou a exposição Alberto Carneiro: Arte Vida / Vida Arte - revelações de energias e movimentos da matéria. Para o escultor, esta exposição foi um manifesto "cuja ideia central era a demonstração de que a arte é o artista e também o espectador. A mostra era constituída, na sua maioria, por obras inéditas criadas a partir de raízes e troncos de laranjeiras, oliveiras, bambus e vides, sempre acompanhadas de vidros ou espelhos com textos que, para além de realçarem a importância da palavra na obra de Alberto Carneiro, envolviam o espectador através do seu reflexo".

Representado em numerosos museus e coleções, no país e no estrangeiro, Alberto Carneiro vive e trabalha na sua aldeia de origem.

Fonte: Universidade do Porto» in http://www.imprensaregional.com.pt/averdade/index.php?info=YTozOntzOjU6Im9wY2FvIjtzOjExOiJub3RpY2lhX2xlciI7czo5OiJpZF9zZWNjYW8iO3M6MjoiMTkiO3M6MTA6ImlkX25vdGljaWEiO3M6NToiMTA2NzkiO30=

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