29/12/14

Amarante Pintura - Retrospectiva sobre um dos melhores pintores europeus do seu tempo, Amadeu de Souza-Cardoso, de Manhufe, Amarante, um ícone à originalidade.



«Amadeo de Souza-Cardoso: O Camaleão de Amarante 

Retrospectiva sobre um dos melhores pintores europeus do seu tempo, um ícone à originalidade.

Originalidade. Nunca esta palavra assentou tão bem a um artista. Em Paris, sempre tentou fugir da normalidade ou de normas pré-concebidas dentro do universo da arte… Seguir o mesmo não fazia parte da sua postura, pelo contrário, Amadeo procurou sempre outras técnicas e formas de pintar, experimentando tudo. Integrando-se neste ou naquele movimento, ou em nenhum, como preferirmos. Era um artista "sem rótulo".

No quadro "coty" (ver imagem) é bem visível essa interdisciplinaridade de Amadeo. Esta obra espelha a característica mais vincada e adorada do amarantino, um artista não com um estilo específico, mas sim com vários, onde junta várias "disciplinas" numa só pintura. Até apresenta elementos de uma corrente que ele, pelo que se sabe, nunca conheceu, o Dadaísmo. Este facto prova que Amadeo estava sempre "muito à frente!" O facto de ser português vai influenciar a maneira como "recebe" as vanguardas da sua altura, como o Futurismo ou o Cubismo. O uso de algumas cores, de uma maneira constante, reflete uma paisagem, vistas, formações naturais, muito portuguesas. O que realmente distingue o cubo futurismo de Souza-Cardoso de todos os seus contemporâneos europeus é essa gama colorida totalmente inédita.

Em "coty" torna-se evidente a forma como o simbolismo das suas ilustrações, indiferente à coerência estilística e à lógica sintática, prossegue nas obras posteriores. Interiorizando o nome de um perfume francês, o quadro joga com diversas formas de representação da realidade e de percepção sensorial. Através da colagem, faz com que diversos planos do real se interpenetrem. O meio é o acoplamento, contrastante próprio do surrealismo. Deste modo cria-se uma tensão entre a realidade representada e a realidade real, entre a pintura e o (seu) objecto - cabelos, ganchos de cabelo, pedaços de espelho - com o objectivo de deixar entrever uma realidade "por detrás da realidade".

Joga-se com analogias formais, por exemplo, entre seios arredondados e o sexo feminino, teias de aranha e grades de janela, atrás das quais a mulher nua mantém prisioneira a sua vítima. O pintor faz malabarismos com níveis de ilusão, que se vão alterando ao executar o passo decisivo do cubismo: passar do "Trompe - L'oeil ao Trompe-L'espirit". Amadeo, uma luz que se apagou demasiado cedo.» in http://pt.blastingnews.com/opiniao/2014/12/amadeo-de-souza-cardoso-o-camaleao-de-amarante-00217387.html


(Documentário " Amadeo de Souza Cardoso - À velocidade da inquieteção" emitido na rtp 2)

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