01/07/14

Música Portuguesa - Carlos do Carmo tornou-se o primeiro português a ganhar um Grammy e logo numa das categorias mais consideradas, o "Lifetime Achievement", entregue apenas aos artistas pelo conjunto da obra que produziram ao longo da sua carreira e não devido ao êxito que lograram com determinada canção ou álbum.

Carlos do Carmo é o primeiro português a conquistar um Grammy -

«Carlos do Carmo é o primeiro português a conquistar um Grammy

A Latin Recording Academy anunciou hoje ter agraciado o cantor de Um Homem na Cidade com o Prémio à Excelência Musical - "Lifetime Achievement" no original em inglês -, uma distinção única que pretende celebrar a carreira de um artista.

Carlos do Carmo tornou-se o primeiro português a ganhar um Grammy e logo numa das categorias mais consideradas, o "Lifetime Achievement", entregue apenas aos artistas pelo conjunto da obra que produziram ao longo da sua carreira e não devido ao êxito que lograram com determinada canção ou álbum. 

O fadista português foi ontem informado pelo próprio presidente da Latin Recording Academy, Gabriel Abaroa Jr., que havia vencido o Grammy, tornando-se assim no primeiro português a conquistar um galardão que também já foi entregue a Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Elvis Presley, Miles Davis, Bob Dylan, Billie Holiday, James Brown, Tom Jobim, David Bowie, Leonard Cohen, Johnny Cash ou, já este ano, Kraftwerk. 

O Grammy é considerado o maior e mais prestigiado prémio da indústria discográfica, estando previsto que o troféu seja entregue a Carlos do Carmo no próximo dia 19 de Novembro deste ano, no Hollywood Theater da MGM, em Las Vegas, Estados Unidos da América. Nesse mesmo mês estreará em Portugal um filme documental sobre a vida e a obra de Carlos do Carmo. Neste momento, e até ao final do ano, estará patente na Cordoaria Nacional, em Lisboa, a exposição "Carlos do Carmo 50 Anos" cuja inauguração sucedeu depois do lançamento do álbum Fado É Amor , também ele publicado em jeito de celebração do 50º aniversário da sua carreira, e onde contou com a colaboração de Mariza, Ana Moura, Carminho, Camané e Aldina Duarte, entre outros fadistas das mais recentes gerações. 

No comunicado da Latin Recording Academy pode ler-se: "Hailing from Portugal, singer Carlos do Carmo is one of the greatest fado singers of his time. His mother, legendary singer Lucilia do Carmo, played a great influence in her son's career, which has lasted more than 50 years. While fado has been the core of his music, do Carmo's distinctive manner of singing due to the special timber of his voice along with his personal affinity for French pop balladry and Brazilian bossa nova mixed to create an unmistakable and definitive style distinguishing him as one of the most iconic voices of Portuguese music. Among his vast repertoire of songs, he is most recognized for 'Lágrimas De Orvalho', 'Lisboa Menina E Moça' and 'Canoas Do Tejo'. Carmo has received international acclaim and has performed to sold out crowds in landmark venues such as the Olympia in Paris, Alte Oper Frankfurt or the Royal Albert Hall in London. He played a key role in making fado part of UNESCO's World Heritage Cultural Patrimony via his countless concerts, recordings and participation in director Carlos Saura's 2007 film Fados". 

Aos 74 anos de idade, Carlos do Carmo chega assim ao ponto mais alto da sua carreira. Filho de Alfredo de Almeida, que veio a ser proprietário da casa de fados O Faia, situada no Bairro Alto, e de Lucília do Carmo, uma das mais distintas fadistas do século XX, de quem viria a adotar o apelido, Carlos do Carmo nasceu a 21 de dezembro de 1939 em Lisboa, onde ainda hoje vive. 

A sua carreira teve início aos 9 anos de idade, quando gravou um primeiro disco, mas os registos oficiais dão 1964 como o tiro de partida para um percurso carregado de canções que ficaram na história da música portuguesa. São igualmente inúmeros os prémios e distinções que ao longo de uma carreira de mais de 50 anos distinguiram a sua arte de respeitar e, ao mesmo tempo, inovar o fado. 

Partindo do chamado fado tradicional, mas com uma bagagem musical onde podemos encontrar Frank Sinatra, Jacque Brel, Elis Regina ou José Afonso, Carlos do Carmo foi construindo um reportório de onde se destaca o álbum Um Homem na Cidade entre muitos outros espécimes da mais alta estirpe que gravou ao longo da sua carreira. 

De entre as sua canções mais populares destacam-se interpretações como "Os Putos", "Um Homem na Cidade", "Canoas do Tejo", "O Cacilheiro", "Lisboa Menina e Moça", "Estrela da Tarde" e "Duas Lágrimas de Orvalho", muitos deles escritos com José Carlos Ary dos Santos, Fernando Tordo e Paulo de Carvalho. 

Carlos do Carmo foi também um dos maiores defensores do património fadista. Com Rui Vieira Nery protagonizou a candidatura do fado a Património Imaterial da Humanidade, distinção que viria a ser atribuída pela UNESCO em novembro de 2011. Para a divulgação do fado "lá fora" também foi instrumental o seu papel no filme Fados , dirigido pelo realizador espanhol Carlos Saura e estreado em 2007 com a sua participação e também a de Mariza, Camané, Carminho e Argentina Santos, além de Chico Buarque de Hollanda e Caetano Veloso. 

Entre as suas apresentações públicas mais relevantes contam-se espectáculos nalgumas das mais prestigiadas salas de todo o mundo como o Olympia de Paris, Ópera de Frankfurt, Royal Albert Hall de Londres, Canecão do Rio de Janeiro, Savoy de Helsínquia ou a Ópera de Wiesbaden. Em Portugal, atuou no Mosteiro dos Jerónimos, no Centro Cultural de Belém, no Grande Auditório da Gulbenkian, no Coliseu dos Recreios ou no Casino Estoril. 

Foto: Rita Carmo» in http://blitz.sapo.pt/carlos-do-carmo-e-o-primeiro-portugues-a-conquistar-um-grammy=f92763#ixzz36D8M4Yzz 


Carlos do Carmo & Camané - "Por Morrer Uma Andorinha"


"Por Morrer Uma Andorinha 
Carlos do Carmo

Se deixaste de ser minha, minha dor
Não deixei de ser quem era, e tudo é novo
Por morrer uma andorinha, sem amor
Não acaba a primavera, diz o povo

Como vês não estou mudado, felizmente
E nem sequer descontente, ou derrotado
Conservo o mesmo presente, do passado
E guardo o mesmo passado, bem presente

Eu já estava habituado a este fado
A que não fosses sincera em teu amor
Por isso eu não fico à espera dos amores
De uma ilusão que eu não tinha e nem renovo
Se deixaste de ser minha, minha dor
Não deixei de ser quem era e tdo é novo

Vivo a vida como dantes, a cantar
Não tenho menos nem mais do que ja tinha
E os dias passam iguais, pra nao voltar
Aos dias que vão distantes de seres minha

Horas, minutos, instantes, desta vida
Seguem a ordem austera com rigor
Ninguem se agarre à quimera sem valor
Do que o destino encaminha e não é novo
Pois por morrer uma andorinha sem amor
Não acaba a primavera diz o povo"


Link: http://www.vagalume.com.br/carlos-do-carmo/por-morrer-uma-andorinha.html#ixzz36DAOZnlV

Sem comentários:

Enviar um comentário

Pin It button on image hover