29/11/13

Amarante Literatura - ANABELA BORGES, Escritora de Telões, Amarante conto "Acordar os Sonhos de Natal" (excerto), na colectânea Lugares e Palavras de Natal, da Lugar da Palavra.

Foto: Fiquem com mais um cheirinho a Natal, que eu vou-me. 
Boa noite. que as guerreiras também descansam ;)

ANABELA BORGES, conto "Acordar os Sonhos de Natal" (excerto), na colectânea Lugares e Palavras de Natal, da Lugar da Palavra:

As fihas do meio prepararam o presépio, habituadas a tecer as coisas com temperança e perfeição. Cobriram com musgo, desde o vaso com o pinheiro, até à ponta da pequena mesa retangular. Mas não ficava assim tudo liso como se fosse um tapete, ficava aos altos e baixos como um monte de verdade. Dias antes, tinham ido apanhar pedras de vários feitios e tamanhos. Levaram uma pá e um carrinho de mão e demoraram-se num demorar próprio do repouso das horas lentas: sentadas nas pedras húmidas, puseram a conversa em dia e riam-se e faziam-se sisudas consoante os assuntos, enquanto rilhavam com satisfação amêndoas e nozes que tinham levado num saco de pano. Como não deu muito jeito apanhar as pedras com a pá, carregaram-nas com as mãos, que ficaram ásperas e gretadas e a cheirar a terra. Regressaram antes de anoitecer, porque diziam que, por ali, costumavam andar velhos lenhadores perdidos para sempre. 
E desde uma pedra lá no alto, havia um rio de prata que atravessava a pequena mesa, descendo até à borda como se ali terminasse ou fosse cair desgovernado no chão. Era um rio muito fininho no início, que era a nascente, e vinha alargando à medida que se aproximava de nós até à esquina da mesa. 
Estando a natureza assim tão bem criada, espalhou-se o povoado que era a terra de Belém.

«ANABELA BORGES, conto "Acordar os Sonhos de Natal" (excerto), na colectânea Lugares e Palavras de Natal, da Lugar da Palavra:

As filhas do meio prepararam o presépio, habituadas a tecer as coisas com temperança e perfeição. Cobriram com musgo, desde o vaso com o pinheiro, até à ponta da pequena mesa retangular. 

Mas não ficava assim tudo liso como se fosse um tapete, ficava aos altos e baixos como um monte de verdade. 

Dias antes, tinham ido apanhar pedras de vários feitios e tamanhos. Levaram uma pá e um carrinho de mão e demoraram-se num demorar próprio do repouso das horas lentas: sentadas nas pedras húmidas, puseram a conversa em dia e riam-se e faziam-se sisudas consoante os assuntos, enquanto rilhavam com satisfação amêndoas e nozes que tinham levado num saco de pano. 

Como não deu muito jeito apanhar as pedras com a pá, carregaram-nas com as mãos, que ficaram ásperas e gretadas e a cheirar a terra. Regressaram antes de anoitecer, porque diziam que, por ali, costumavam andar velhos lenhadores perdidos para sempre.

E desde uma pedra lá no alto, havia um rio de prata que atravessava a pequena mesa, descendo até à borda como se ali terminasse ou fosse cair desgovernado no chão. 

Era um rio muito fininho no início, que era a nascente, e vinha alargando à medida que se aproximava de nós até à esquina da mesa. 

Estando a natureza assim tão bem criada, espalhou-se o povoado que era a terra de Belém.» in https://www.facebook.com/photo.php?fbid=545128378914874&set=at.186361621458220.43721.100002531506939.1657952449&type=1&theater


Poema de Anabela Borges

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