27/10/12

Desporto Futebol - Quando havia honestidade no futebol, no tempo da outra senhora e os Dragões eram roubados em todos os campos... e na Amoreira, então!

Estoril 1980

«Maldição da Amoreira: Jogos Sem Fronteiras a iluminar o duelo


(Maldição da Amoreira: até Pedroto levava as mãos à cabeça)

 
Quando Manuel Abrantes defendeu o penalty de Gomes e ganhou o respeito de Pinto da Costa.

Finais dos anos 70, início dos anos 80 era certo: a viagem à Amoreira era um grande sarilho para o F.C. Porto. Depois de Benfica e Sporting, aliás, o Estoril é, ainda hoje, a única equipa da Liga que tem saldo positivo nas receções aos bicampeões nacionais. Aquela fase ajudou e muito. Foram sete jogos seguidos sem ganhar no recinto do Estoril: duas derrotas e cinco empates. Um fenómeno estranho e sem aparente explicação. 

Nesse período houve, claro está, jogos mais míticos de que outros. Manuel Abrantes foi o guarda-redes do Estoril em seis desses jogos. Na época de 1982/83 brilhou em grande estilo. «Eu tinha sempre muito trabalho contra o F.C. Porto mas aquele jogo foi o que mais me ficou na memória», conta ao Maisfutebol. 

O jogo passava em direto na televisão. Coisa rara na altura. O Estoril queria fazer boa figura. Como o Estádio tinha pouca iluminação encontrou-se uma solução de recurso. «Colocaram lá os holofotes dos Jogos Sem Fronteiras a fazer de torres de iluminação», conta Manuel Abrantes. 

O jogo corria normalmente. Sousa adianta o F.C. Porto ao minuto 35. Na segunda parte Vítor Madeira empata para o Estoril. A um quarto de hora do fim, o caldo entorna-se. 

«O árbitro marca um penalty contra nós, o Vítor Madeira protesta, vê o segundo amarelo e é expulso. O Gomes mete a bola na marca de penalty mas eu defendo. Quando me levanto vejo que o Vítor Madeira estava em campo. Não sei dizer se nunca saiu ou se tinha voltado a entrar. Mas estava lá e o banco do F.C. Porto estava todo de pé a reclamar», diz. 

Gerou-se a confusão, com os portistas a pedirem a repetição do penalty. «Os jogadores do Porto empurravam o árbitro para a marca do penalty os nossos empurravam-no para fora da área. E ele não tomava nenhuma decisão», continua o ex-guardião. 

O jogo esteve interrompido 20 minutos. «E estava a dar na televisão!», lembra Manuel Abrantes. Ao longe, o guarda-redes do Estoril vê Fernando Gomes com a bola nas mãos: «Aproximei-me dele e perguntei-lhe: Por que estás com a bola no braço? E ele disse-me: O árbitro vai mandar repetir, eu lixo-te e desta vez marco. E eu disse-lhe: Então eu não vou dizer nada, vou defender e ainda ficas pior», atira. 

Manuel Abrantes aproximou-se do árbitro que era Graça Oliva. «Só lhe disse uma coisa: se vocês não viram se o Vítor Madeira estava em campo, esqueçam lá isso. Eles que joguem à bola que são melhores do que nós. Ele olhou para mim e disse: Tem razão. E o jogo seguiu» contra entre risos. 

Aquela exibição marcou Manuel Abrantes: «Foi uma coisa do outro mundo. Ainda hoje, quando o F.C. Porto vem cá jogar e o senhor Pinto da Costa me vê brinca comigo: Manuel, não vais jogar pois não? E eu respondo: Esteja descansado que desta vez o mister não me convocou»

«Não éramos nós que nos agigantávamos, o F.C. Porto é que ficava intimidado sempre que vinha cá. Nós jogávamos sempre da mesma maneira e eles tremiam sempre. Fazíamos bons jogos com o Sporting e o Benfica, mas contra o F.C. Porto era diferente», assume. 

Óscar: golos por uma camisa

Óscar, outra das figuras do Estoril da época, também guarda recordações dos embates com o F.C. Porto. E da vida no Estoril, aliás, apesar das dificuldades que passou. 

«Andava sem dinheiro, não recebia há muitos meses. O senhor José Torres vinha sempre ter comigo e fazia-me uma promessa: se marcares um golo este fim-de-semana, levo-te a uma boutique de Cascais para compares uma camisa. O homem levou-me lá quase dez vezes em duas épocas. Acho que ainda uso algumas dessas camisas chiques», conta. 

Guarda boas memórias da vida na equipa da Amoreira a ponto de ignorar alguns revés de peso: «O presidente era o senhor Alfredo Farinha, jornalista. Ele tinha boa vontade, mas quando saí para o F.C. Porto ficou a dever-me uns milhares de contos. Esqueci tudo porque o Estoril me ajudou muito».» in http://www.maisfutebol.iol.pt/fcporto/estoril-fc-porto-amoreira-manuel-abrantes-gomes-pinto-da-costa/1387437-1304.html
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Repare-se na imparcialidade dos jornalistas de então: o Presidente do Estoril era o jornalista do Jornal A Bola, Alfredo Farinha... tudo em conformidade...


(Estoril Praia vs FC Porto 1991-1992)

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