22/04/12

Política Nacional - As parecenças de José Sócrates com José Vale e Azevedo, pelo Jornalista, José António Saraiva!




«Sócrates cercado


Quando José Sócrates ainda era primeiro-ministro escrevi um artigo dizendo que ele me fazia lembrar Vale e Azevedo.


Conheci ambos pessoalmente – e os dois revelavam a mesma megalomania, a mesma obstinação, a mesma falta de consciência dos seus defeitos, a mesma irresponsabilidade em relação aos seus erros, a mesma desfaçatez, a mesma ideia de que os fins justificam todos os meios.


A par disto revelavam, cumpre dizê-lo, perseverança, energia, capacidade de persuasão e, até, um certo poder de sedução – que explicam, aliás, a corte de admiradores e defensores que ainda hoje ambos têm.


No caso de Sócrates, a megalomania virá do pai.


Quem se lembraria de pôr a um filho o nome Sócrates?


E ele assumiu-o – e até recentemente lhe quis dar mais conteúdo, dizendo ir para Paris estudar Filosofia na Sorbonne.


TAL COMO sucedeu com João Vale e Azevedo, as suspeitas que pesavam sobre José Sócrates adensaram-se depois de deixar o poder.


Começaram os julgamentos dos processos Freeport e Face Oculta, em que Sócrates é constantemente referido (numa sala de tribunal já se falou de uma quantia de 500 mil euros para «pagamento ao Sr. Sócrates»).


O processo Taguspark também avança, com a gravíssima suspeita de que houve um aliciamento a Figo para apoiar Sócrates, em troca de um contrato publicitário de 750 mil euros.


São divulgadas, simultaneamente, escutas de conversas entre Sócrates e o reitor da Universidade Independente, Luís Arouca – as quais, não provando nada, dizem muito sobre os interlocutores.


Que respeito merece um primeiro-ministro que telefona constantemente ao reitor da faculdade onde andou para o instruir sobre o que deve e não deve dizer aos jornalistas sobre a sua licenciatura? E que respeito merece um reitor que revela tamanha subserviência perante um ex-aluno que é governante?


Voltam, ainda, a ser falados os vários milhões que, num espaço de tempo curto, correram pelas contas em offshores de membros da família de José Sócrates.


Finalmente, são as revelações que chegam a toda a hora sobre o modo como Sócrates conduziu o país nos últimos meses do seu Governo.


ESTAS revelações constam, parcialmente, do prefácio do livro de Cavaco Silva divulgado na semana passada.


Os socialistas protestaram – uns genuinamente, outros porque não podiam deixar de o fazer – e alguns comentadores próximos do PS criticaram a «falta de oportunidade» destas declarações do PR.


Ora, a falta de oportunidade é mesmo o único argumento que resta a quem pretende defender Sócrates.


Digo isto porque, quando todos os protagonistas envolvidos naquele período escreverem as suas memórias – o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, o então ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, mesmo o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso – não dirão coisas muito diferentes das que disse Cavaco Silva.


Todos eles olhavam para Sócrates como se olha para o condutor tresloucado de um carro que caminha em direcção ao abismo e não faz nada para travar ou sequer mudar de direcção.


NESSA ALTURA, por razões institucionais, Cavaco Silva não disse tudo o que pensava.


No texto agora tornado público, percebe-se o esforço que teve de fazer para não ser mais directo.


Atente-se nesta passagem do texto: «Avisei que chegámos a um ponto insustentável. Mas, surpreendentemente, criticaram-me pelo dramatismo destas afirmações. Perante as críticas de que fui alvo, interroguei-me: como é possível este grave desconhecimento ou distracção? Será pura ignorância da realidade ou, o que é mais grave, desejo de escondê-la aos portugueses?».


Outros responsáveis também tiveram de calar o que pensavam, chegando-se ao ponto de, não conseguindo demover Sócrates, o ministro das Finanças ter tido de precipitar a ajuda externa recorrendo a uma entrevista a um jornal – porque já não tinha dinheiro para pagar aos funcionários naquele mês.


Mas, mesmo sabendo isso, Sócrates nunca perdoou a Teixeira dos Santos, cortando relações com ele e chegando ao ponto de o deixar isolado – e sem instruções – nas negociações com a troika!


Viveu-se um tempo de completa loucura.


Portugal, sabe-se agora, esteve em sério risco de default.


Assim, acho natural que Cavaco tenha escolhido este momento para fazer o balanço do que se passou nesse período.


TENDO já Sócrates saído do Governo, tendo-se já iniciado uma nova legislatura, é uma boa altura para fazer esse relato para a História.


Se não fosse agora, seria quando: daqui a quatro anos, quando já ninguém se lembrasse desses tempos difíceis?


Esse é que seria o momento certo?


Não sei qual será o desfecho de todos os processos judiciais que envolvem José Sócrates.


Mas sei que é o político mais obscuro, de formação mais discutível e de carácter mais duvidoso que passou pelo Palácio de S. Bento.


E isto mostra uma coisa inquietante: a democracia está muito exposta a oportunistas, a vendedores de banha da cobra, a pessoas determinadas e bem-falantes mas sem grandes princípios.


Que continuam a ser chorados, mesmo depois de estar à vista de todos a sua natureza.


P.S. – Os regimes de excepção aos cortes salariais na Função Pública, abrangendo a TAP, a CGD e o mais que vier, colocam muito mal o Governo. Por três razões:


1. As medidas políticas têm de ser compreensíveis por todos, e estas não são, obrigando Miguel Relvas a desdobrar-se em explicações; ora, quando uma medida tem de ser muito explicada, é porque algo está mal;


2. As excepções põem em causa o princípio da equidade, gerando a revolta dos que não foram beneficiados;


3. A incapacidade para assegurar o cumprimento de regras sem abrir excepções põe em causa a autoridade do Governo; ainda por cima, quando o ministro das Finanças tinha dito uma coisa num dia e diz outra no dia seguinte;


4. Estas situações são susceptíveis de fácil aproveitamento pela oposição, fragilizando o Executivo numa altura crítica.» artigo de José António Saraiva
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Excelente artigo de opinião de José António Saraiva, que descreve muito do que Sócrates contribuiu para a desgraça deste País e do buraco negro em que o PS se encontra, devido aos seguidores que se mantêm no ativo...


(José Sócrates - Vida de Luxo Em França)

Sócrates em inglês técnico sem "profundidade"

(Deputado embriagado defende governo de José Sócrates)

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