04/12/09

Política Nacional - Que falta que nos faz Sá Carneiro, o Homem que não temia rupturas, que não era politicamente correcto... nem corrupto!


«Francisco Sá Carneiro, Morreu há 29 Anos!

Foi um dos políticos mais marcantes do século XX português. A luta pela democracia norteou-lhe a vida. Foi um herói romântico que desafiou os preconceitos da sociedade onde vivia. Fundou o Partido Popular Democrata (PPD) e em 1980 tornou-se primeiro-ministro. Francisco Sá Carneiro chegou ao fim como viveu: de forma brutal. Morreu num acidente de avião, cujas circunstâncias não foram completamente esclarecidas. “Sá Carneiro ajudou-nos a mobilizar contra todo o tipo de ditadura”, diz Fernando Seara, presidente da Câmara de Sintra.

“Antes quebrar que torcer” é um ditado popular que encaixa perfeitamente no perfil de Francisco Sá Carneiro. Era um homem com fortes convicções e um enigmático carisma. O seu entusiasmo contagiava. Fez parte do restrito lote de políticos que foram admirados por amigos e adversários. Assumiu com frontalidade a sua visão para o País. De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, o seu objetivo era “a construção de um estado democrático integrado na Europa”. Foi um elo entre dois mundos: espalhou a utopia de um país livre e recebeu apoio amplo da comunidade nacional.

Francisco Sá Carneiro nasceu no Porto no dia 19 de Julho de 1934. Cresceu no seio de uma família da alta burguesia. Aos 22 anos concluiu o curso de Direito e principiou a sua carreira profissional como advogado. Católico praticante, frequentou os círculos mais progressistas da Igreja. Foi aqui que começou a defender publicamente a transformação do regime numa democracia parlamentar.

Em 1969, foi eleito deputado pelas listas da Acção Nacional Popular, o partido único. Sá Carneiro foi um dos membros destacados da ala liberal do parlamento, durante a “primavera marcelista”. Tomou iniciativas que tinham como objectivo a criação de uma democracia típica da Europa Ocidental. Uma delas foi a elaboração de um projecto de revisão constitucional. Percebendo que não atingiria os seus fins, preferiu renunciar ao mandato de deputado.
Em 1973, começou a escrever uma coluna de opinião no semanário “Expresso”. A censura colocou alguns entraves à publicação. Apesar disso, a mensagem passou. “Conseguiu mobilizar a consciência da sociedade civil”, afirma Fernando Seara, presidente da Câmara de Sintra e professor universitário.

Após a Revolução dos Cravos, Sá Carneiro fundou o Partido Popular Democrata (PPD), juntamente com Francisco Pinto Balsemão e José Magalhães Mota. Foi o primeiro secretário-geral e afirmou-se, desde logo, como líder histórico do Partido. Dizia aquilo que pensava, mesmo que fosse politicamente incorreto. Foi um dos primeiros a criticar a influência que o movimento das forças armadas exercia na política nacional. Este tipo de atitudes fez com que muitos o considerassem “um perturbador”, afirma o historiador Rui Ramos. Francisco Sá Carneiro foi ministro sem pasta em diversos governos provisórios. Foi eleito deputado à Assembleia Nacional Constituinte e, mais tarde, para a I Legislatura da Assembleia da República.

Nesse mesmo ano, a sua vida pessoal enfrentou um terramoto. Conheceu, num restaurante de Lisboa, a editora dinamarquesa Snu Abecassis. Apaixonaram-se imediatamente. Contra tudo e contra todos, Sá Carneiro não abdicou da promessa daquele amor. Decidiu não respeitar o protocolo da época e rompeu um casamento de décadas. Foi, de alguma forma, um revolucionário no amor.

Para a sociedade de então, foi um escândalo. Para o publicitário Manuel Margarido, Sá Carneiro fez uma rutura “extraordinariamente revolucionária”. Provou que o amor pode revelar-nos.

Em 1977, o PPD passou a chamar-se Partido Social Democrata (PSD). Sá Carneiro demitiu-se da liderança, devido a divergências políticas. Seria reeleito no ano seguinte, para desempenhar a mesma função. Em finais de 1979 criou a Aliança Democrática, coligação entre o PSD, o CDS, de Diogo Freitas do Amaral, e o Partido Popular Monárquico, de Gonçalo Ribeiro Telles. A coligação venceu as eleições legislativas desse ano - com maioria absoluta. Foi a primeira vez que um líder da oposição passou a chefiar o governo, ganhando as eleições. Para o historiador Rui Ramos, esta vitória tem tudo que ver com a força de Sá Carneiro. “Apresentou um projecto suficientemente claro para cativar o eleitorado.” De repente, no meio da euforia da vitória, Sá Carneiro teve receio de não ser nomeado primeiro-ministro pelo facto de não estar legalmente casado. Medos infundados, o peso do tradicionalismo desaparecera entretanto: tomou posse em 3 de Janeiro de 1980.
Passados 11 meses, a tragédia bateu à porta. Em 4 de Dezembro, em plena campanha para as presidenciais, Francisco Sá Carneiro tinha agendado uma deslocação ao Porto para participar num comício destinado a apoiar o candidato presidencial da coligação, o general António Soares Carneiro. O avião onde seguia despenhou-se instantes após a descolagem. O primeiro-ministro teve morte imediata. Juntamente com ele faleceu a sua companheira, Snu Abecassis, e o ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa. Mais de 25 anos depois dos acontecimentos, contudo, continuam a digladiar-se duas teses envolvendo a sua morte: a de acidente (eventualmente motivado por negligência na manutenção do avião) ou a de atentado (desconhecendo-se quem o perpetrara e contra quem teria sido - Sá Carneiro ou Amaro da Costa).

A ação política de Francisco Sá Carneiro durou apenas uma década, mas deixou marca. Foi o “fundador da direita democrática”, afirma António Costa Pinto, professor do Instituto de Ciências Sociais. Nunca teve receio de ruturas. Em nome de um Portugal moderno e democrático.» in http://www.rtp.pt/gdesport/?article=100&visual=3&topic=20

Official Sá Carneiro's death 25th Anniversary - (documentary I)



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