17/04/09

Crise Académica de Coimbra - 40 Anos depois e a Crise na Academia continua...







«Crise Académica de Coimbra (1969)

Fonte: SAPO Saber, a enciclopédia portuguesa livre.



No dia 17 de Abril de 1969, o então Presidente da República Américo Tomás foi a Coimbra para a inauguração do novo edifício da Matemática.
O pedido de palavra, após o discurso do Presidente, por Alberto Martins[1], converteu a festa numa crise que fez cair o reitor da Universidade e o ministro da Educação, José Hermano Saraiva.

Índice

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[editar] História

Entre 1965 e 1968 a Associação Académica de Coimbra foi liderada por uma Comissão Administrativa nomeada pelo Governo. Durante essa fase os estudantes foram impedidos de participar no Senado e Assembleia da Universidade de Coimbra. Finalmente, em 1969, foram permitidas eleições e eleito para presidente da AAC, Alberto Martins.
Um mês mais tarde a AAC foi convidada a estar presente na inauguração do edifício das Matemáticas. Alberto Martins comunicou ao reitor da Universidade a intenção de discursar na cerimónia. Essa intenção foi-lhe negada, pois foi considerado que o Reitor - Doutor Andrade Gouveia - representaria toda a Universidade.
No dia 17 de Abril de 1969, dirigiram-se a Coimbra os Ministros das Obras Públicas e o da Educação - José Hermano Saraiva - e o Presidente da República, Américo Tomás.
Durante a cerimónia, Alberto Martins pediu a palavra ao Presidente da República, que lhe respondeu que nesse momento tinha a palavra o Ministro das Obras Públicas. E foi este o último discurso da cerimónia, porque, mal acabou, os governantes se retiraram. Alberto Martins foi preso nessa noite pela PIDE e houve cargas policiais sobre os estudantes.

[editar] As consequências

Pouco tempo depois, foram decretados luto académico e greve às aulas, substituídas por debates sobre os problemas da Universidade. O Ministro da Educação fez uma comunicação na televisão, acusando os estudantes de desrespeito, insultos ao Chefe de Estado e do crime de sediação, e prometendo a reposição da ordem na cidade.
Numa nova Assembleia Magna, os estudantes, apoiados por muitos professores, repudiaram as afirmações do Ministro. O ministro decretou o encerramento da Universidade até aos exames e os estudantes cancelaram a Queima das Fitas.
No dia 28 de Maio, na que é considerada por muitos a maior Assembleia Magna da história da Academia com a presença de cerca de 6 mil estudantes, foi decretada greve aos exames. E no início da época de exames, nos dia 2 de Junho, Coimbra foi sitiada pelas forças policiais e a Universidade ocupada por GNR, PSP e Polícia de choque.
A crise académica de Coimbra conduziu a uma remodelação política no sector educacional do governo. O Ministro da Educação Nacional foi demitido e substituído por Veiga Simão. Na Universidade de Coimbra, Gouveia Monteiro é o escolhido do novo ministro para o cargo de Reitor, numa tentativa de pacificação da situação académica. Deste modo, abria-se o caminho às reformas e democratização das estruturas universitárias que, cinco anos mais tarde, o 25 de Abril de 1974 viria consagrar[2].

[editar] A Briosa e a crise

No dia 22 de Junho deu-se a final da taça desse ano, entre a Académica e o Benfica. Os jogadores pretendiam jogar de branco, cor do luto académico, mas não lhes foi permitido. Entraram então em campo com capas de estudante aos ombros. Excepcionalmente, o jogo não foi transmitido pela televisão e o Presidente da República não esteve presente.



[editar] Vídeos

Luto Académico de 1969

Video produzido e editado por João Matias * João Matias



[editar] Ligações externas


[editar] Referências

  1. Membro do Partido Socialista e deputado à Assembleia da República nas V, VI, VII, VIII e IX Legislaturas.
  2. WikiPraxe» in http://saber.sapo.pt/wiki/Crise_Acad%C3%A9mica_de_Coimbra_(1969)

2 comentários:

  1. Sim, Amigo, no dia em que minha companheira, então minha namorada, fazia 24 risonhas primaveras, que tudo começou; e eu estive lá. Esse ano fizemos greve geral a exames, e dos «traidores fura-greves» só lembro o Lucas Pires. Foi a única vez que dei sangue para socorrer colegas fortemente zurzidos pelos bastões dos gnr a cavalo, que carregaram duro sobre «a malta» e após se postaram pela escadaria monumental. O terror, amigo, o terror sensível da força bruta. Daí que saíram «comunicados» a denunciar a ocasião intimidatópria. «Acho suverchivo...» -- dizia um polícia de choque ... E vá de carregar com bastão eléctrico. Pelo caminho de ferro a fora levo uns tantos comunicados misturados com minha bíblia dos capuchinhos de demais papelada até... Fátima. Uma «irmãzinha» a quem peço um copo de água denuncia-me à psp local. Passo de fim de manhã a quase noite em isolamento compulsivo na esquadra. À noite devolvem-me à «liberdade...» -- que mais quer que lhe diga amigo? Discutíamos muito em reuniões e debates. O malogrado Sardo que depois se dedicou à Lógica, a Manuela Cruzeiro companheira don Barata do TEUC, a Beatriz companheira de muito ano do malogrado Vilaça, o Remédios que foi para Aveiro, e o nosso Grupo de Filosofia eramos dos mais vivos. Corria então o Concílio Vaticano ii, estava-se em plena guerra colonial, saíra de João xxiii a encíclica «pacem in terris» dedicada aos «homens de boa vontade...» -- as ideias arejavam. Mas falar em Democracia e em ensino para todos dava direito a grilhões, falar em repressão ou em liberdade idem aspas... E hoje? A coisa com o 25 de Abril deu em termos liberdade de expressão e vida
    democrática. Quanto ao mais a mesma miséria negra de haver gente a comer dos caixotes de lixo. E uns tantos de colarinho branco como diz o amigo a pavanearem insanidade e corrupçao. Quando chegará o Reino De Deus? perguntava-se no declive da vida há 2 séculos passados Trindade Coelho... A mesma pergunta lhe deixo hoje. Nem o São Nuno de Santa Maria ressuscitado e descidon a esta terra também de Santa Maria nos devolverá a independência... Fique com o sol de Amarante amigo caro!

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  2. Obrigado, Amigo Ôchoa!
    Pelo contributo histórico e humano, pois foi bem sentido, presencial, físico!
    Bem haja, por isso e pela Sua Amizade!

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