29/11/08

Educação em Portugal - Excelente Texto de Paulo Granjo, Antropólogo, sobre a Ministra, Socióloga!

«Paulo Granjo - Antropólogo e investigador do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa em antropocoiso.blogspot.com faz a avaliação da socióloga.

A Vergonha das Ciências Sociais

Como em qualquer actividade, há cientistas sociais geniais, bons, medíocres e maus.

Mas uma coisa se espera de qualquer pessoa que tenha feito licenciatura, mestrado, doutoramento e uma carreira académica respeitável, mesmo que sem produções científicas particularmente salientes, numa disciplina como a sociologia:
Espera-se que integre em si o ethos e instrumentos de análise da actividade profissional e intelectual que é a sua, e que isso faça parte da forma como olha a realidade e reage a ela.
Ao confrontar-me com um acontecimento, sou incapaz de despir, do meu olhar e interpretações daquilo que vejo, o facto de ser um antropólogo - não só de formação como de prática, que veio reforçar e aprofundar essa formação. (Da mesma forma que, ao fazer antropologia, sou incapaz de despir a minha experiência de vida e aquilo que ela implica em termos de valores, emoções e perspectivas.)
Posso olhar para os acontecimentos de forma mais criativa ou "quadrada", mais aprofundada ou ligeira, mais inteligente ou limitada, mas nunca como se nunca tivesse ouvido o BêÁBá da minha profissão.
Por isso, quando uma ministra que fez carreira como socióloga decide afirmar, em resposta a uma manifestação de 120.000 professores (80% de todos os professores e educadores de infância do país!) que eles não querem é ser avaliados, não está apenas a revelar má-fé, leviandade e desrespeito pelos actores da área social que lhe cabe gerir. Com essa análise e afirmação, está também a cuspir na sua disciplina científica e a envergonhar as ciências sociais.»
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Excelente reflexão do Antropólogo, Paulo Granjo, que a minha Colega e Amiga, Elsa Cerqueira me enviou sobre uma dada socióloga que conhecemos bem, e que a deveria fazer meditar. Mas para isso é preciso ter algumas virtudes basilares, que passam pela humildade, o saber ouvir e ter uma mente aberta e disponível para um sereno e normal confronto de ideias ...

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