22/11/07

Círculo Aberto - "Professores: o Melhor Prémio"


José Matias Alves
«Realizou-se, há dias, no Centro Cultural de Belém, a cerimónia de entrega de Prémios a Professores. Com a presença do Primeiro-Ministro, da Ministra da Educação e do Secretário de Estado da Educação. E para distinguir a excelência, as qualidades excepcionais da acção educativa de quatro professores.
Devo dizer que sou a favor dos prémios no que eles têm de reconhecimento, de estímulo e de promoção social da imagem pública de uma actividade imprescindível: a de ensinar, a de instruir, a de socializar, a de integrar numa ordem humanizada, participante, livre e criativa.
Tive já oportunidade de publicamente me congratular com esta atribuição e de reconhecer a justeza dos prémios. Mas, tendo em conta a profissão, ficaram-me algumas dúvidas: estes prémios vão mobilizar os professores, vão ajudar a criar uma nova imagem social que os sustente, estimule e apoie? Que os distinga e torne atraente este difícil e complexo e impossível “ofício”?
Por outras palavras: que prémios desejam os professores? Qual o melhor prémio em termos profissionais? E a resposta é simples: o melhor prémio é aquele que faz melhorar os processos e os resultados educativos.
O respeito e a consideração; a promoção da autoridade docente e da auto-estima; o reconhecimento público (individual, colectivo e organizacional), a valorização social da actividade, a atractividade social, a distinção pelo trabalho não meramente individual, o estímulo e a motivação são os ingredientes de um prémio maior que a maioria dos professores (certamente desejam e) merecem.
É este o inevitável caminho que tem de ser seguido. E quanto mais tarde, pior. Porque os professores são um bem de primeira necessidade. E isto não é uma “massagem corporativa”. É uma evidência clara. Que obviamente não dispensa a exigência, o rigor, a prestação de contas. O tempo, esse grande escultor, o dirá.» in Correio da Educação N.º 315 26 de Novembro de 2007.
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Isto de atribuir prémios aos professores que se destaquem na sua actividade docente, acho muito bem, concordo em absoluto. Aliás, não se trata de mais nem menos, daquilo que se pratica em muitas actividades profissionais de relevo social. Contudo, considero que temos que tomar em consideração, um aspecto muito importante, em se tratando da actividade docente, dos professores dos ensinos básicos e secundário. Ao se premiar um professor, não se deveria só atender aqueles docentes que se destacaram com a publicação de trabalhos e teses teóricas, como é, não raras vezes, a tendência dos prémios de índole académico. Dever-se-iam premiar, acima de tudo, as boas práticas docentes, o aporte motivacional que as mesmas atribuem aos alunos, o relacionamento humano que influencia positivamente os mesmos, tudo isso que um dado professor consegue traduzir pelas suas práticas e metodologias. É que um docente constitui-se como um psicólogo, amigo, companheiro, confidente, psiquiatra, sexólogo, assistente social, pai, irmão, etc. Quantos vezes vejo os meus colegas que são Directores de Turma, a correr entre a Escola e a Comissão de Protecção de Menores, a tentar que mais uma vida não descarrile de forma definitiva. Esse professor, provavelmente, poucos ensinamentos, ao nível cognitivo, conseguir transmitir ao seu alunos. Mas ao nível humano, quanto faz um desses muitos professores por uma família? Ser professor é ser educador! Deste modo, o prémio a atribuir a este actor, tem que ser abrangente, tal como a sua praxis profissional e humana! Depois do desprestigio, veio o reconhecimento público da classe; estranha agenda ministerial, misteriosa e quantas vezes de contornos sub-reptícios e imorais, para os seres não políticos!

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